sexta-feira, 17 de junho de 2011

CAUSAS MAIS COMUNS DOS ACIDENTES INFANTIS

Postado por: Janaina, Sandra e Carla

Falar de acidentes, seja ele, qual for, não é nada agradável. Porém, algumas coisas precisam ser mais esclarecidas para evitar essa situação.
Hoje vamos postar sobre os acidentes mais comuns que ocorrem com as crianças que segundo especialistas em saúde na infância, os acidentes em sua maioria são provocados por quedas, armas de fogo, afogamentos, engasgos, queimaduras, envenenamentos, sufocação e falta de segurança no transporte. A queda da cama ou do trocador de fraldas está entre as primeiras razões de morte acidental. Concerteza, algumas de nós já presenciou ou já ouviu falar destes acidentes com crianças.

Uma pesquisa feita pela enfermeira Shirley Rangel do Hospital São Camilo Gomes -SP concluiu que as faixas etárias entre 2 a 4 anos inconpletos representam os maiores índices com risco de morbidade.
A pesquisa revela que os meninos estão mais propícios a acidentes, umas vez que as suas brincadeiras são mais arricadas.

Convém destacar-mos que 63% dos casos de acidentes, segundo esta pesquisa, acontecem em casa, muitas vezes na presença da mãe.
Porém, muitos dos acidentes como as queimaduras, afogamentos, quedas, agressões,atropelamentos, envenenamentos, transporte inadequado, entre outros - poderiam ou melhor podem ser evitados.

Confiram no link as dicas para proteção contra os acidentes infantis, divididas por faixas etárias segundo o Dr. Manuel Naves, pediatra.

" A prevenção dos acidentes na infância pode e deve ser instituída. O termo "acidente" implica a sua imprevisibilidade, e embora seja certo que as lesões não tenham maior probabilidade de ocorrer do que as doenças, estar atento para as situações de risco pode evitar perdas irreparáveis"

Fonte: http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3964&ReturnCatID=1617#Causas Mais Comuns dos Acidentes Infantis

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O valor da interação na pré-escola

Trabalhar junto com os colegas é uma ótima maneira de aprender, fazendo o que os especialistas chamam de construção colaborativa do conhecimento

Tudo sobre Alfabetização

A forma mais comum de incentivar a interação no dia a dia é dividir a turma em grupos. Mas é preciso garantir que essa forma de trabalho gere bons frutos. Infelizmente, ainda é comum os pequenos nem conversarem entre si até o professor dar orientações sobre o que fazer. O professor César Coll, do Departamento de Psicologia Evolutiva e da Educação da Universidade de Barcelona, na Espanha, desenvolveu uma teoria para explicar a influência positiva da relação entre os pequenos na escola - e a batizou de construção colaborativa do conhecimento. Segundo Coll, a aprendizagem se dá justamente no momento em que as crianças, no auge do conflito de idéias, precisam buscar soluções. Muita gente ainda acha que elas não vão conseguir encontrar conclusões coletivas baseadas em suas hipóteses individuais e que, portanto, o melhor é dar as respostas certas de uma vez. "Cabe ao educador compreender que também as crianças podem construir o saber, que o conhecimento não está apenas nas mãos dele", diz a consultora pedagógica de NOVA ESCOLA, Regina Scarpa.
César Coll apóia sua teoria nas idéias do suíço Jean Piaget (1896-1980) e do russo Lev Vygotsky (1896-1934). "É necessário que o professor deixe de ser um mero conferencista e estimule a pesquisa e o esforço, em vez de se contentar com a transmissão de soluções já prontas", escreveu Piaget em Para Que Serve a Educação?, de 1973. Segundo ele, a criança não é um robô, que apenas retém as informações tal como elas lhe são apresentadas, mas um sujeito que interpreta o que a escola se propõe a ensinar. Em outras palavras, toda criança constrói o conhecimento intermediada pelo outro.
Já Vygotsky diz que as interações sociais são as alavancas do processo educativo. Segundo ele, é essencial a turma travar contato com o maior número de pessoas, adultos e crianças, inclusive os colegas, numa relação de ajuda mútua. A você cabe o papel de ampliar o conhecimento, mas sempre partindo do que cada criança já sabe, com base em suas experiências prévias dentro e fora da escola. Escreveu Vygotsky: "Tanto quem ensina como quem recebe a informação aprende, pois, ao ensinar, o parceiro mais experiente reorganiza seu conhecimento e assim sabe cada vez mais".
Assim, a interação entre duas ou mais crianças é um excelente meio de promover o aprendizado. Uma forma bastante eficiente de facilitar a interação é trabalhar com cantos de atividades (leitura, desenho, brincadeira de faz-de-conta), em que todos possam circular livremente de acordo com seus interesses (leia uma experiência com cantinhos em uma escola do Recife no quadro abaixo). Essa organização ajuda a exercitar a autonomia, afirma Cisele Ortiz, coordenadora do Instituto Avisa Lá, em São Paulo. "Ninguém aprende a decidir se não tiver opção. Além disso, ela destaca a construção do conceito de respeito mútuo. "Uma menina não pode usar o mesmo vestido que a amiga, na mesma hora, numa brincadeira de faz-de-conta. Elas precisam combinar regras e dialogar para resolver o conflito."
Nesse contexto, a troca entre pares de mesma idade é essencial, pois ambos possuem interesses, conhecimentos e necessidades muito semelhantes. Em termos de comportamento, os pequenos se tornam mais solidários e respeitosos ao trabalhar em conjunto nas atividades propostas pelo professor de pré-escola. Eles aprendem a pedir e receber ajuda, a superar frustrações e a desenvolver um pensamento comum para resolver questões do dia-a-dia.
Em contato com o outro, constrói-se também a própria identidade pela observação de afinidades e diferenças. "As múltiplas experiências de relação pessoal contribuem para as crianças descobrirem a si mesmas, o que torna a convivência uma experiência única, cheia de prazeres", diz Rosana Dutoit, coordenadora de projetos de formação continuada do Instituto Abaporu, de São Paulo.
A função do professor não é eximir-se de responsabilidade. Ao contrário, é seu papel funcionar como uma espécie de "anfitrião" dessa aprendizagem colaborativa. Isso ocorre ao pensar nas atividades que serão realizadas, ao convidar as crianças a trabalharem e pensarem juntas, ao explicar que a natureza dessas tarefas é cooperativa, ao estimular a participação de todos e ao coordenar tudo isso dentro da sala. Em outras palavras, tudo se resume a planejar (antes), observar, incentivar e apoiar as crianças (durante) e avaliar os resultados (depois).

Referência:
http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/valor-interacao-pre-escola-educacao-infantil-grupos-produtivos-interatividade-541706.shtml?page=1

Acesso: 13/06/2011

Postado por:
Aline Stahnke
Agasiana Suelen Schmitz
Karine Zapellini
Leidimara Berci
Valquiria Becker Cruz

Vygotsky e o papel das interações sociais na sala de aula: reconhecer e desvendar o mundo

João Carlos Martins

A psicologia sócio-histórica, que tem como base a teoria de Vygotsky, concebe o desenvolvimento humano a partir das relações sociais que a pessoa estabelece no decorrer da vida. Nesse referencial, o processo de ensino-aprendizagem também se constitui dentro de interações que vão se dando nos diversos contextos sociais.
A sala de aula deve ser considerada um lugar privilegiado de sistematização do conhecimento e o professor um articulador na construção do saber. Tendo como base tais pressupostos teóricos, esse texto sistematiza alguns pontos da teoria com a possibilidade de trabalho do professor junto a seus alunos.
"A psicologia sócio-histórica traz em seu bojo a concepção de que todo Homem se constitui como ser humano pelas relações que estabelece com os outros. Desde o nosso nascimento somos socialmente dependentes dos outros e entramos em um processo histórico que, de um lado, nos oferece os dados sobre o mundo e visões sobre ele e, de outro lado, permite a construção de uma visão pessoal sobre este mesmo mundo."
"O ponto de partida desta nossa reflexão encontra-se no grande valor que a teoria vygotskyana dá ao processo de interação e, em nosso caso específico, como educadores, às intervenções pedagógicas e ao ensino na construção do conhecimento."
"Quando nos referimos ao valor das interações em sala de aula, é importante pensarmos que este referencial não compactua com a idéia de classes socialmente homogêneas, onde uma determinada classe social organiza o sistema educacional de forma a reproduzir seu domínio social e sua visão de mundo. Também não aceitamos a idéia de sala de aula arrumada, onde todos devem ouvir uma só pessoa transmitindo informações que são acumuladas nos cadernos dos alunos de forma a reproduzir em determinado saber eleito como importante e fundamental para a vida de todos."(grifo nosso)
"Quando imaginamos uma sala de aula em um processo interativo, estamos acreditando que todos terão possibilidade de falar, levantar suas hipóteses e nas negociações, chegar a conclusões que ajudem o aluno a se perceber parte de um processo dinâmico de construção."
Referência: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/dea_a.php?t=002

Acesso: 13/06/2011

Postado por:
Agasiana S. Schmitz
Aline Stahnke
Karine Zapellini
Ledimara Berci
Valquíria B. Cruz

O Direito de Brincar !!!

Texto feito a partir de um estudo dirigido de: FRANCO, Raquel Rodrigues. A Fundamentação Jurídica do Direito de Brincar. Capítulo 5 – O Direito de Brincar. 2008. (Mímeo)

O entendimento das concepções de criança e infância tem um caráter histórico de superação de uma concepção de mundo fundamentada no pressuposto de que a criança é sempre a mesma em qualquer tempo e espaço. Tais concepções em uma perspectiva histórica demandam compreendê-las como discursos produzidos nas relações sociais de produção que mostraram as diversas formas de ver a criança e produzir a consciência da particularidade infantil. Esse conceito de infância nem sempre existiu no que diz respeito às políticas educacionais, embora a criança e a infância já estivessem demarcadas, sobretudo nos manuais da pedagogia.
No Brasil, com o marco da constituição de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996, sendo que a infância como tempo social, e a criança como sujeito de direitos alcançam maior visibilidade no cenário social e educacional. Nesse contexto, a criança deixa de ser considerada como um estado de menoridade e passa a ser tratada em sua especificidade, em sua condição de ser criança, como um sujeito de direito, que precisa de uma atenção privilegiada por parte da família, da sociedade e do estado.

A ampliação das normas jurídicas com o intuito de regular as relações entre pais e filhos é atualmente uma das formas de ingerência do poder do Estado na educação das crianças, pois está assume um caráter público relevante para a formação do cidadão. A Constituição Federal de 88, em seu artigo 227 elenca os direitos fundamentais da criança: o direito à dignidade, à educação, à saúde, ao lazer, à alimentação, à profissionalização, à cultura, ao respeito, à vida, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Estes são deveres a ser respeitados e efetivados conjuntamente pela família, pela sociedade e pelo Estado de forma compartilhada. (FRANCO, p. 141, 2008)

Estes direitos atribuídos à criança já são um grande avanço em relação ao reconhecimento da criança como cidadã. Aos poucos estes direitos vêm sendo concretizados, porém se pararmos para refletir sobre a infância brasileira veremos que as desigualdades ainda prevalecem.

Em um país marcado por tantas diferenças, o equilíbrio entre a preocupação com a igualdade e a preocupação com o respeito às diferenças nem sempre é fácil de alcançar. O desigual acesso á renda e aos programas sociais esta marcado por esses diversos pertencimentos de classes, de etnia e de gênero, heranças históricas e culturais, que também se expressam no acesso à Educação Infantil e na qualidade dos programas oferecidos. Assim, no contexto brasileiro, discutir a qualidade da educação na perspectiva do respeito à diversidade implica necessariamente enfrentar e encontrar caminhos para superar as desigualdades no acesso a programas de boa qualidade, que respeitem os direitos básicos das crianças e de suas famílias, seja qual for a sua origem ou condição social, sem esquecer que, entre esses direitos básicos, se inclui o direito ao respeito às suas diversas identidades culturais, étnicas e de gênero. (Brasil, 2006, p. 23)

Sabemos que esta é a realidade que hoje enfrentamos na educação brasileira, que faz com que os direitos fundamentais da criança sejam amplamente reconhecidos, entretanto isto não significa que estamos alcançando a sua plena efetivação por parte das instituições sociais que têm o dever de aplicá-los nas situações cotidianas da vida infantil.
Como ressalta Franco (p. 142, 2008), podemos notar que a infância como lugar de direitos suscita amplos campos de discussão diante de uma realidade que é marcada por uma história de exclusão, desigualdade e a inoperância de seus direitos.
Hoje um dos grandes desafios da educação infantil, do ensino fundamental e dos profissionais que neles atuam é conseguir compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo.
A escola, como instituição social, deve ser um meio pelo qual os direitos da criança ganhem maior incentivo e efetivação. Para que, de fato, isto aconteça faz-se necessário uma transformação da escola, no sentido de tornar concretas as ações que irão efetivar estes direitos.
“Enfim, ela é um espaço a favor da condição da criança-cidadã e o educador deve ser considerado como um agente competente e promotor desses direitos”. (FRANCO, p. 144, 2008)
Pensando nesta condição, faz-se necessário que se tornem essenciais duas ações, por parte da escola e dos educadores: repensar e promover. Estas devem ser ações constantes no contexto educacional, pois se procuramos pela efetivação dos direitos da criança, faz-se necessário que os contextos sejam constantemente repensados nas necessidades presentes, para que possam promover as ações necessárias para atender a criança-cidadã, para compreender melhor, que a criança possui uma natureza própria que a caracteriza como ser que pensa e sente o mundo de um jeito particular. Ela se esforça para compreender o mundo em que vive e o faz através das brincadeiras, das linguagens e das interações que desde cedo ela estabelece com as pessoas e com o meio em que vive, através de suas manifestações culturais próprias.
A interação social em situações diversas é uma das estratégias mais importantes do professor para a promoção de aprendizagens pelas crianças. Assim, cabe ao professor propiciar situações de conversa, brincadeiras ou de aprendizagens orientadas que garantam a troca entre as crianças, de forma a que possam comunicar-se e expressar-se, demonstrando seus modos de agir, de pensar e de sentir, em um ambiente acolhedor e que propicie a confiança e a auto-estima. A existência de um ambiente acolhedor, porém, não significa eliminar os conflitos, disputas e divergências presentes nas interações sociais, mas pressupõe que o professor forneça elementos afetivos e de linguagem para que as crianças aprendam a conviver, buscando as soluções mais adequadas, para as situações com as quais se defrontam diariamente. As capacidades de interação, porém, são também desenvolvidas quando as crianças podem ficar sozinhas, quando elaboram suas descobertas e sentimentos e constroem um sentido de propriedade para as ações e pensamentos já compartilhados com outras crianças e com adultos, o que vai potencializar novas interações. Nas situações de troca, podem desenvolver os conhecimentos e recursos de que dispõe, confrontando-os e reformulando-os. (Brasil, 1998, p. 31)

A criança, como já foi mencionado, deve ser considerada em sua particularidade, portanto deve ser considerada um sujeito de direitos e com liberdades. Pensando nesta condição, um dos principais direitos, que encontra seu fundamento dentro do ordenamento jurídico e que hoje tem um amplo campo de discussão é o direito ao brincar.
O que resulta disso é o entendimento do reconhecimento da infância que abarca o processo de descoberta de si e dos outros concedendo ao brincar e aos jogos uma condição indispensável para que ela usufrua de sua liberdade, em termos de agilidade, faz-de-conta e de imaginação. Pelo fato de se reconhecer a criança como sujeito de direitos e de liberdades, destina-se a ela o reconhecimento de todas as suas manifestações primordiais como o próprio brincar e, por outro lado, sinaliza a conjugação entre os seus direitos e a responsabilidade educativa dos adultos para garantir a liberdade neste período de desenvolvimento humano. (FRANCO, p. 146, 2008)

As brincadeiras possibilitam as crianças compreenderem e realizar atividades do dia a dia em determinado tempo histórico e cultural.
O brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia da criança, quando utilizam a brincadeira do faz de conta as crianças enriquecem sua identidade, porque podem experimentar formas de ser e de pensar, ampliando suas concepções sobre as coisas e pessoas ao desempenhar vários papéis sociais ou personagens. (Brasil, 1998).
A criança constrói seu conhecimento a partir de brincadeiras que leva a realidade para o seu mundo da fantasia. Transforma suas incertezas em algo que proporciona segurança e prazer, pois vai construindo seu conhecimento sem limitações.
É através do ato de brincar que os sinais, os objetos e os espaços valem e significam outra coisa daquilo que aparentam ser. Ao brincar as crianças recriam e repensam os acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que estão brincando. A brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda a brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das idéias, de uma realidade anteriormente vivenciada. (BRASIL, 1998)
O brincar é essencial a criança, pois é um dos elementos formadores de sua personalidade. O brincar, hoje, é considerado uma ação própria da infância e um dos fundamentos do princípio da dignidade da criança.
O direito ao brincar está estabelecido na Constituição de 1998 e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), onde há artigos fazendo menção a este direito. Até mesmo o Ministério da Educação e da Cultura (MEC), traz a brincadeira como um dos eixos fundamentais exigidos para a Educação Infantil. E ainda se ressalta que a brincadeira deve ter três desdobramentos:
- Brincar com participação do adulto;
- Brincadeira com objetivo do adulto;
- Brincadeira auto-organizada pela criança, livre e carregada de intencionalidade da criança.
Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais. (Brasil, 1998, p. 22)

A liberdade faz com que a criança seja autora das escolhas que lhes interessam, fortalecendo a construção da sua autonomia. (Franco, 2008). No entanto, esta liberdade deve contar com o estímulo e o apoio do adulto, pois limitando-a este adulto estará vetando as possibilidades de a criança se desenvolver integralmente. Muitas vezes a limitação imposta pelo adulto acontece porque ele mesmo não está preparado para conviver com o processo de construção da autonomia da criança.
“A liberdade que as crianças experimentam ao brincar permite-lhe expressar a sua sinceridade e a não–submissão às possíveis formas opressoras do mundo adulto”. (FRANCO, p. 153, 2008)
É natural a criança o brincar. Mesmo que esta não esteja em espaços lúdicos as crianças brincam reinventando e rompendo com a limitações do ambiente e do adulto. Atualmente, a sociedade nos dá a ideia de que espaços que não tenham parques, brinquedos, são perigosos, lugares de risco para as crianças. Esta concepção faz com que os adultos acabem restringindo as crianças a brincarem em lugares fechados, ficando trancadas em suas salas e quartos, em frente a computadores, vídeo games, televisões, diminuindo suas interações. Mas do contrário também se faz verdade, pois quando podem brincar os espaços são shoppings e condomínios que estão sempre sujeitos a regras. (SEREDIUK; RAMADAN; GOBBO apud FRANCO, 2008)
A partir do estudo do texto, percebemos que todos reconhecem que a criança tem o direito de brincar, porém o que se põe em discussão é se ela tem o direito de fazer isso em contextos escolares.
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) a criança é criança até os doze anos incompletos, por este motivo não devemos atribuir o brincar apenas como fundamento para a educação infantil, mas estender este direito para o ensino fundamental.
“Pensa-se que […] na educação infantil temos crianças e no ensino fundamental temos alunos! Ora, temos – ou precisamos ter - crianças, sempre”. (KRAMER apud FRANCO, p. 168, 2008)
A ocupação da criança deve ser o brincar. Assegurar o atendimento as necessidades da criança em um espaço educativo, significa que ela precisa aprender e brincar, ou seja, ela precisa ser vista como criança e não apenas como estudante. Neste sentido a escola e os educadores devem organizar a sua proposta pedagógica para que considere a singularidade das ações da infância e o direito que a criança tem de brincar.


















REFERÊNCIAS

FRANCO, Raquel Rodrigues. A Fundamentação Jurídica do Direito de Brincar. Capítulo 5 – O Direito de Brincar. 2008. (Mímeo)

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, volume 1: Introdução; volume 2: Formação pessoal; volume 3: Conhecimento de mundo. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de educação Básica. Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil. v.1 Educação Infantil. v.2 Ensino Fundamental. V.3 Título. Brasília – DF, 2006.



Postado por:

Karine Zapellini
Leidimara Berci
Aline Stahnke
Agasiana Suelen Schmitt
Valquiria Becker Cruz

segunda-feira, 6 de junho de 2011

"As Cem Linguagens da Criança" Leia e Reflita!!!

A criança
é feita de cem.
A criança tem
cem mãos
cem pensamentos
cem modos de pensar
de jogar e de falar.
Cem sempre cem
modos de escutar
as maravilhas de amar.
Cem alegrias
para cantar e compreender.
Cem mundos
para descobrir.
Cem mundos
para inventar.
Cem mundos
para sonhar.
A criança tem
cem linguagens
(e depois cem cem cem)
mas roubaram-lhe noventa e nove.
A escola e a cultura
lhe separam a cabeça do corpo.
Dizem-lhe:
de pensar sem as mãos
de fazer sem a cabeça
de escutar e de não falar
de compreender sem alegrias
de amar e maravilhar-se
só na Páscoa e no Natal.
Dizem-lhe:
de descobrir o mundo que já existe
e de cem
roubaram-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe:
que o jogo e o trabalho
a realidade e a fantasia
a ciência e a imaginação
o céu e a terra
a razão e o sonho
são coisas
que não estão juntas.
Dizem-lhe:
que as cem não existem
A criança diz:
ao contrário, as cem existem.
Loris Malaguzzi

As crianças têm diferentes dimensões e cabe ao adulto permitir, instigar, explorar e possibilitar essas vivências.

Acadêmicas
Anelize
Bruna
Maitê
Silvia C.
Vanessa

terça-feira, 24 de maio de 2011

DOCUMENTAÇÃO PEDAGÓGICA - PRINCIPAIS RECURSOS

Muitas das documentações pedagógicas nas instituições de educação ainda são confundidas com a “observação da criança”.
Para uma melhor compreensão Dahlberg, Moss e Pence (2003) nos ajudam a distingui-las. Segundo os autores o propósito da observação é avaliar o desenvolvimento psicológico infantil em relação às categorias já predeterminadas e produzidas a partir da Psicologia. Já a documentação pedagógica é nada mais que um processo que tenta visualizar e entender o que está acontecendo no trabalho pedagógico e o que a criança é capaz de fazer sem qualquer estrutura predeterminada de expectativa e normas.
Quando documentamos estamos construindo uma relação com as crianças, incorporamos nestes documentos nossos pensamentos implícitos daquilo que consideramos ações valiosas da prática pedagógica. A documentação traz vivências e saberes que construímos com as crianças.
Ainda de acordo com os autores a documentação pedagógica é vista como um conteúdo sendo ele um material que registra o que as crianças estão dizendo e fazendo, este material pode ser produzido de várias maneiras e assumir várias formas. Como por exemplo, observações manuscritas do que se é dito e feito ou até mesmo registros em áudio e vídeo, tais como fotografias, gráficos de computador, o próprio trabalho das crianças, tais como arte em atelier. Sendo assim este material se torna um material pedagógico concreto. A documentação pedagógica pode ser vista como um processo de ensino e aprendizagem.
Ao fazer o relato de uma atividade, por exemplo, o professor pode utilizar diferentes maneiras de produzi-lo. Com as crianças maiores, pode montar um relato parecido com um texto coletivo. Juntos, crianças e professores podem elencar o que as crianças precisam destacar durante suas falas, tal como foi a atividade, os materiais que utilizaram, com o que cada criança contribuiu. Esse tipo de relato pode ser elaborado também pelo professor, destacando a participação de cada criança individualmente ou até mesmo do grupo todo, dependendo do tipo da proposta.
As fotografias e vídeos são materiais riquíssimos para a documentação pedagógica, através deles percebemos detalhes que durante a atividade podem ter passado despercebido. Um cartaz de fotos da exploração de um material, por exemplo, muitas vezes não necessita de relatos, pois os registros das expressões das crianças estão claros nas fotos. O mesmo acontece com os vídeos, que podem ser de momentos de rotina diária, como uma brincadeira espontânea, uma contação de histórias ou até mesmo dramatizações, registrando a montagem do cenário e dos objetos, os ensaios e posteriormente a peça final.
Os registros feitos pelas crianças através de desenhos e obras representam o que ela percebeu perante o que foi apresentado, bem como suas falas. Essas falas registradas não devem ser apenas do aprendizado da criança perante a atividade, mas sim de seu conhecimento prévio, de suas dúvidas e suas conclusões.
Cabe ao professor utilizar diferentes maneiras os métodos de registros, adequando-os ao seu grupo, distinguindo as características individuais e coletivas das crianças.

Referências:

DAHLBERG, G.; MOSS, P.; PENCE, A. Qualidade na educação da primeira infância: perspectivas pós-modernas. Tradução Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed, 2003.


Academicas:
Anelize Baumgartner
Bruna Carla Dias
Maitê Thais Lohse
Silvia Calixto
Vanessa Schramm

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Praticas Pedagógicas

Práticas Pedagógicas- Construção da Árvore Ecológica.
Acadêmicas:

Angélica Licinio Machado
Katia A. de Lima
Mayara Schramm
Mirele Corrêa
Silvia Buzana

Essa prática pedagógica aconteceu na sexta fase do curso de Pedagogia num Espaço de Educação Infantil com a turma do Jardim II (seis anos), trabalhamos com as crianças o tema Meio Ambiente dando continuidade ao assunto ministrado pela professora regente.
Sentamos no grande grupo e discutimos formas e estratégias de conscientização e respeito pela natureza e como as crianças têm um papel fundamental para a transformação da mentalidade de preservação. Assim saímos pela instituição e procuramos os mais diversos tipos de lixo, tanto lixo orgânico ( cascas e restos de alimentos) como lixo inorgânico( plástico, vidro, papel...), separando-os adequadamente conforme os gêneros.
Levamos para a sala um pedaço de papel pardo grande, e colamos nele um galho de árvore. De um lado as folhas verdes e bonitas da planta e do outro todo o lixo que colhemos, cada criança teve a oportunidade de colar um dos matérias que recolheu na instituição. Vimos como os lixos estavam sujos e degradados devida a má conservação e a sua separação inadequada.
Pedimos que por um instante as crianças observassem aquela árvore que construímos juntas, a diferença da beleza e da vida representada nos dois lados da planta, os dois sentidos que a vida pode tomar, voltando a observação para a ampliação das experiências das crianças e para a construção de conhecimentos diversificados sobre o meio natural e social (Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, 1998). Depois da observação muitas crianças relataram como seus pais ou vizinhos fazem a separação do lixo doméstico, e que realmente não há essa preocupação da separação correta desses materiais. Realizaram perguntas sobre o que acontece com o lixo e relataram algumas de suas teses.
“ Desde muito pequenas, pela interação com o meio natural e social na qual vivem, as crianças aprendem sobre o mundo, fazendo perguntas e procurando respostas ás suas indagações e questões. Como integrantes de grupos socioculturais singulares, vivenciam experiência e interagem num contexto de conceitos, valores, idéias, objetos e representações sobre os mais diversos temas a que têm acesso na vida cotidiana, construindo um conjunto de conhecimentos sobre o mundo que as cerca.” (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil p. 163, ano 1998.)
Deste modo as crianças conseguiram compreender a importância da preservação do meio ambiente, e que é a partir deles que pode-se mudar a perspectiva de proteção e conservação da natureza, que é preciso fazer algo para que a próximas gerações venham desfrutar e usufruir das grandes riquezas naturais que o nosso país possuí, e que infelizmente muitas dessas riquezas já não estam disponíveis ou estam desaparecendo.
Para finalizar cantamos a música A árvore da montanha com o auxilio do CD, sendo que as crianças dramatizavam a letra da música, realizando improvisadamente os gestos que achavam adequados. Ampliando também seu repertório musical, resgatando as cantigas de roda.Sendo uma das formas importantes de expressão humana, a promoção da interação e comunicação social.
Referencias:
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, ano 1998.
Educação Infantil, pra quê te quero?, CRAIDY, Carmem- Porto Alegre- RS, 2001.

O direito de brincar

O brincar e a legislação


O termo infância existe a mais de 200 anos e nesse período seu conceito e sua concepção veio sofrendo avanços e retrocessos que foram pensados, discutidos, construídos e reconstruídos em prol ao respeito da criança. Hoje em dia, a infância é encarada de forma idealista, como idade de inocência, período de grandes potencialidades humanas, progressão linear e sujeito a mudanças contínuas e graduais, cumulativas e também previsíveis. São maneiras de convivência entre adultos e crianças que levam em consideração valores, costumes e ideais da comunidade e como o mundo da infância é caracterizado por diferentes culturas e momentos históricos, os seus direitos também são diferentes.

Na Constituição de 1988, consta o reconhecimento dos direitos da criança e de sua necessária proteção integral, além de ser reconhecida como ser humano e como pessoa em desenvolvimento, merecedora dessa proteção, ela deve ser prioridade para a família, sociedade e Estado, tendo uma atenção privilegiada.

A Constituição é clara em relação aos direitos fundamentais da criança: dignidade, educação, saúde, lazer, alimentação, profissionalização, cultura, respeito à vida, a liberdade e a convivência familiar e comunitária, assim sendo, estes deveres também devem ser respeitados e efetivados pela família, comunidade e Estado.

Com o passar do tempo os direitos vêm se concretizando, porém o processo ainda está bem devagar, basta olhar para a realidade brasileira, pois as escolas têm conhecimento deles, têm o dever de aplicá-los no cotidiano infantil, entretanto sua efetivação ainda não foi conquistada por inteiro.
A Constituição de 88 avançou de forma significativa quando declarou que os valores da liberdade, do respeito, e da dignidade são direitos fundamentais da criança e do adolescente, elencados também no corpo jurídico do Estatuto da Criança e do Adolescente.


A criança e o seu direito de brincar


A instituição escolar tem o dever de assegurar os direitos da criança, efetivando-os a partir de ações concretas, de mudança de postura e de transformação. É um lugar propício da condição de criança-cidadã, onde o educador é o mediador, considerado como um agente competente e promotor desses direitos. Quando se fala em criança-cidadã, é relevar principalmente que a criança tem o direito de brincar e não a trabalhar.

Considerando que brincar é um direito de liberdade, é fundamental para o desenvolvimento dos indivíduos da pequena infância, devido a sua formação simbólica. Esse direito de brincar deve ter apoio total do educador no contexto escolar, tendo a responsabilidade de garantir o melhor interesse da criança-cidadã.

Para que a criança se desenvolva de forma plena e saudável, ela precisa brincar e propiciar sua liberdade, além de testar, conhecer e reconhecer seus interesses, desejos e vontades, através de estímulos, apoio e respeito do adulto.

Garantir o direito de brincar significa promover o bem-estar da criança e a valorização de sua individualidade como pessoa cidadã desde o seu nascimento. É brincando que a criança forma sua personalidade, sua identidade pessoal, o que também possibilita sua liberdade de escolha e de ação conforme suas próprias motivações. Esta liberdade precisa ser administrada pelo educador, no qual estimula regras, pois nem sempre se pode fazer o que se quer e o que se tem vontade, é preciso aprender a ser livre pelo acatamento de limites e de leis sociais. O que se quer dizer com a liberdade de brincar é na verdade que a criança seja autora de suas escolhas, de seus interesses, não que seja uma “Maria vai com as outras”, que ela possa formar seus conceitos em relação às coisas ao seu redor e construir sua autonomia com sua própria lógica.

A liberdade que as crianças precisam experimentar na brincadeira para que ela possa desenvolver suas habilidades, permite-lhe expressar também sua sinceridade e a não-submissão às possíveis formas opressoras do mundo adulto. Os educadores precisam ser livres para conversar e relembrar seu passado (ainda quando criança), pois é a partir disso que se define sua prática, ou seja, se ele teve uma infância marcada pela convivência em grupos de brincadeiras, certamente suas aulas serão baseadas em suas experiências positivas, entretanto, se o educador teve uma infância “pobre” no sentido de brincar e de ser estimulado para tal, ou ele reproduzirá o que aconteceu com ele ou então irá desejar superar o seu passado e fazer tudo o que não foi feito com ele.

Assim como qualquer ser humano, a criança e o adolescente são merecedores de respeito em função de sua dignidade, a qual nunca decai porque é o fundamento do Estado Democrático de Direito, segundo a Constituição Federal de 1988. A dignidade de uma criança constitui um valor insubstituível dentro do ordenamento jurídico brasileiro que a reconhece como pessoa e não como coisa e isso pode ser traduzido no fundamento de que ela não é um meio para se atingir a adultez, mas um fim em si mesma.

Para que a criança possa brincar, desenvolver habilidades, potencialidades, criar conceitos e também sua identidade e personalidade, ela precisa dispor de tempo no cotidiano escolar, estipulado pelo educador, libertando a criança, na medida do possível, para que ela possa governar a si própria e de ser ela própria. Além disso, é preciso dar às crianças condições adequadas, sem pressa, sem controles, sem preocupações, para que possam errar, dizer bobagens, fazer ironias, exatamente como fazemos nós, os adultos e o professor fica então responsável, funcionando como uma espécie de agente promotor desse direito, o direito de brincar.

As crianças estão em constante formação de sua própria identidade e em diversos momentos é necessário que o adulto tome as rédeas em determinadas situações para conduzi-las a um mundo com códigos sociais de poder. O jogo também ajuda nesta formação, pois sem ele sua desvalorização desvia a personalidade da criança. Além da convivência com diferentes gerações, por meio de trocas de experiências.

Com o brincar a criança descobre o mundo ao seu redor e ensina ao adulto verdades que ele não quer ver ou ouvir no dia-a-dia. Para que o brincar aconteça naturalmente são necessários locais adequados, tempo e tranqüilidade para que a criança construa de forma mais produtiva. E não somente na educação infantil esse brincar deve ser prioridade, mas a escola deve disponibilizar esse direito a todos, pois os jogos exteriorizam o estado da criança e sua futura personalidade.

O jogo é mediador de desejo, satisfação e expressão, mas que já é considerado uma espécie ameaçada. Sendo considerado por muitas pessoas algo sem importância para a educação, pois a sociedade quer que as crianças estejam aptas a sua independência perante a realidade da vida. Segundo Bettlheim, a brincadeira é uma ponte para a realidade. A brincadeira e o jogo são elaborados culturalmente, passados dos adultos para as crianças e adequados de acordo com sua região.

Referência: FRANCO, RAQUEL R. A fundamentação jurídica do Direito de Brincar. Ano 2008.

domingo, 24 de abril de 2011

Para todos os envolvidos com crianças nos espaços educativos!

Pode parecer estranho para os que estão chegando, tanto para os pais novatos quanto para os educadores iniciantes e muito mais estranho para educadores experientes que atuam nos espaços educativos que fazem festas, brincam com a imaginação e experimentam não comemorar a Páscoa, o dia das mães, dos pais e outras datas comemorativas?
Mas, tem uma explicação. Compreendendo que “ Ser capaz de imaginar é ser capaz de ser livre das aparências convencionais” ( Sutton-Smith 1998. pp. 10-11). Busca-se que os espaços tenham uma proposta que promova, amplie e aproxime a produção cultural para as crianças com qualidade, de seus familiares, de grupos sociais que possam interessar. Privilegia-se festejar aquilo que se está pesquisando, que faça sentido para as crianças e o grupo e não o que está estabelecido no calendário religioso, cívico e muito menos comercial. Assim, o foco não é impedir que crianças não socializem-se ou tornem-se familiarizadas com as convenções de seu tempo e lugar, mas, que pensemos em meios de assegurar e acompanhar esses movimentos sugerindo, estimulando e desenvolvendo sempre a imaginação das crianças. Acredita-se ser importante para a criança todo conhecimento adquirido, vivido, construído e não simplesmente reproduzido.
No decorrer de incontáveis anos muitas convenções e invenções sociais ecoaram fortemente com seus padrões sonoros, imagens repetitivas e estereotipadas e histórias estruturadas e organizadas foram algumas das ferramentas que ajudaram a permanecer a ideia estável de significado destas comemorações. A preparação de comemorações/festividades deve acontecer em momentos diferentes de aprendizagem, de tempos e espaços, de avaliação e retorno do trabalho realizado.
Assim, a páscoa , sendo uma festa religiosa importante para vários grupos, pode ser objeto de roda de conversa estruturada em aspectos vinculados aos projetos de construção e investigação , mas, não deverá assumir maiores dimensões, nem tomar outros espaços que capture a imaginação e limite as crianças à práticas convencionais de todos os tempos e estéreis dentro do itinerário educativo. E posteriormente outras datas devem ser dada a atenção necessária e questionadora.
Parece necessário criar situações riquíssimas de brincar, imaginar, experimentar e inquietar-se colocando em suspensão ou em xeque algumas práticas, organizações culturais , econômicas e políticas que são reveladas e legitimadas para as crianças pequenas. A padronização de práticas pedagógicas no interior dos espaços educativos a partir das convenções sociais estabelecidas deve servir de reflexão e novos encaminhamentos que mobilize nas crianças e principalmente nos adultos processos imaginativos criadores.

Prof. Lilian Cristina de Souza

Formas de registro: Portfólio

O portfólio surgiu com a necessidade de organizar os registros dos alunos de uma forma não padronizada e sim de uma maneira de que cada aluno fosse pensado de uma maneira singular. Onde cada aluno cria o seu portfólio individualmente, onde será guardado suas produções acadêmicas, documentos durante toda a sua trajetória escolar, vão fazer parte dele textos, desenhos, projetos, anotações, reflexões, trabalhos e marcos que foram significativos em suas aprendizagens. Cada portfólio será único e autentico.

A produção de documentação pedagógica (portfólio) constitui-se, ao mesmo tempo, um processo de construção e um conteúdo material organizado. É uma forma de tornar visível o trabalho das crianças e o do educador. É algo que deve ser fabricado para sistematizar o que ocorre em sala de aula, fazendo com que os acontecimentos sejam transpostos para uma outra linguagem. Isto faz com que as histórias do dia a dia jamais se percam no tempo, pois foram registradas e poderão servir como um valioso instrumento para reflexão.

O registro no processo avaliativo se torna um elemento indissociável do processo educativo. Processo educativo este apresentado como conjunto de ações que tem como função a observação, o acompanhamento, o registro para orientar e redirecionar o processo pedagógico como um todo. Deve, ainda, se constituir numa prática sistemática e contínua, tendo como princípio a melhoria da ação educativa, envolvendo a criança, a professora e a instituição.

O portfólio é mais conhecido em escolas de ensino fundamental e universidades, principalmente nos cursos de engenharias, comunicação social, arquitetura vem com o passar dos anos tornando se um eficaz instrumento de registro dentro das escolas de educação infantil e ensino fundamental.

O portfólio consiste basicamente em uma reunião de trabalhos realizados por uma pessoa, onde o mesmo trará evidencias da aprendizagem da mesma, no caso da educação a aprendizagem do aluno pode ser avaliada por intermédio do portfólio.

Já na questão avaliativa podemos destacar que o portfólio não centra o seu caráter avaliativo apenas na verificação do que o aluno aprendeu ou seja o que ele conseguiu aprender, passa assim a ser uma construção das relações entre os conteúdos.

Sendo assim podemos dizer que o portfólio é um procedimento de avaliar inovador, em que avalia o progresso das crianças por meio de um conjunto de procedimentos contínuos, o mesmo estimula o pensamento reflexivo e critico dos alunos, podemos dizer que ele é uma avaliação continua e que permite acompanhar o processo ensino aprendizagem dos alunos. Mais ao se pensar portfólio não podemos remete lo a um deposito de trabalhos e sim um suporte para observar o aluno.
Critérios do portfólio consiste em registrar idéias, experiências, onde o aluno possa refletir e registrar de uma forma sistemática as suas idéias, opiniões e criticas.

Acadêmicas:
Anelize,
Bruna,
Maitê,
Silvia C.,
Vanessa

quarta-feira, 20 de abril de 2011

FeLiZ PáScOa!

Ser feliz é saber que a vida é mais que acumular dias, é somar amor as pessoas. É o produto de cada dia próximo de quem você ama. Saber ser feliz não é uma fórmula, mas a consciência de que o que conta é o que faz um sorriso abrir no seu rosto.

Que essa Páscoa multiplique os seus Sorrisos!

Postado por: Janaina

Saúde Escolar




Segundo Conceição (1994) saúde escolar corresponde ao conjunto de ações destinadas a promover, proteger e recuperar a saúde das coletividades integrantes do sistema educacional"

"É dever da família, da sociedade e do estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultira, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, a discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão" Art. 227 Const. Federal, 1988

Sem comentários não é mesmo? Porque sabemos que na realidade esses direitos são diariamente violados.
Recebemos notícias de criaças e adolescentes mal tratados, agredidos, vivendo sem as minímas condições básicas em várias partes do mundo. LA MEN TÁ VEL!

Já que não dá para mudar o mundo inteiro, mudamos ao nosso redor.
Que tal começarmos a prestar e dar mais atenção as crianças e as espaços a quel elas estão inseridas?
Será que estamos assegurando a elas todos os direitos? Será que nossas ações estão promovendo a saúde e bem estar? Vale a pena refletir!

Postado por: Carla, Janaina e Sandra

domingo, 17 de abril de 2011

MUSEU DE HÁBITOS E COSTUMES DE BLUMENAU – SC

Abriram-se as malas...
Os objetos dos museus, na maioria das vezes, são guardados em sótãos, malas, caixas. Ao saírem desses lugares e serem colocados à contemplação dos olhares dos visitantes, aqueles candelabros ganham luzes, os vestidos que não ditam mais a moda ganham movimentos, os sapatos percorrem jardins e estradas que hoje já não existem mais.
Todos esses objetos quando colocados em um museu, ganham vida, ganham alma. Ao serem ordenados e cuidadosamente colocados em vitrines, saem do papel de coadjuvantes da história para se tornarem personagens principais de uma história, muitas vezes ainda não contada.
Esses objetos são capazes de juntar fragmentos da história que estavam espalhados no fundo de uma mala, fazendo com que lembranças esquecidas se tornem histórias contadas.
Se cada um desses objetos conseguir despertar algum tipo de sentimento, saudade, espanto e até mesmo estranhamento, o museu já conseguiu cumprir com o seu papel, fazendo com que as pessoas reconheçam suas vidas nos fragmentos das histórias existentes nesses espaços.
O museu é um jardim de memórias, com o desafio de fertilizar a vida de seus visitantes, contribuindo com as imbricações entre suas histórias passadas e as histórias que ainda serão contadas.
Texto de Carolini Canuto Corrêa

Novo espaço cultural da cidade abre para visitação pública […]. Idealizado pela Fundação Cultural de Blumenau, com o apoio de Wandér Weege e Laurita Karsten Weege, da Pericó-Malwee, vai reunir mais de cinco mil objetos guardados em 75 malas por Ellen J. Weege Vollmer
A Prefeitura, por meio da Fundação Cultural de Blumenau (FCB), cria um novo espaço cultural da cidade – o “Museu de Hábitos e Costumes”, que abre para visitação pública […]. Localizado no antigo casarão do Comércio de Gustav Salinger, o novo espaço de cultura de Blumenau vai reunir mais de cinco mil objetos, antes guardados em 75 malas. No local, além de exposições, os visitantes poderão fazer pesquisas sobre hábitos e costumes, contanto indumentárias, brinquedos e objetos de uso da região desde o final do Século XIX até os anos 70 do Séc. XX.
O Museu tem o apoio de Wandér Weege e Laurita Karsten Weege, da Pericó-Malwee. A coleção de objetos, aliás, pertence a família Weege. “O museu registrará a magnitude de Ellen J. Weege Vollmer pelo carinho e cuidado, bem como o gesto de doar sua coleção de valor histórico”, comenta Sueli Maria Vanzuita Petry, diretora do Patrimônio Histórico-Museológico. De acordo com ela, o acervo reúne interessantes peças originais. “O visitante terá a oportunidade de ver representadas na diversidade da moda, do brincar, hábitos e costumes de Blumenau e região”, completa a diretora.
Sueli explica que são peças de roupa masculinas e femininas, chapéus, sapatos, bolsas, acessórios diversos, brinquedos e objetos de uso doméstico. Segundo a diretora, são peças que, individualmente ou em conjunto, conduzem cada visitante a uma identificação com o universo de hábitos e costumes ali referenciados em seus diferentes contextos históricos, culturais e sociais.

- Curiosidade:
Nestas 75 malas, barbantes, esparadrapos, saquinhos de pimenta e muito cuidado foram os acessórios utilizados pela Sra. Ellen para identificar, agrupar e guardar os objetos durante os últimos 30 anos. Tudo estava no sótão de sua casa, e com o apoio do casal Weege, Fundação Cultural de Blumenau e Prefeitura - o sonho do museu pôde se tornar realidade para a sociedade. São preciosidades de outra geração, agora disponíveis para as futuras gerações.

- Quem é:
“Trineta de imigrantes pomeranos vindos ao Brasil em 1868, Ellen J. Weege Vollmer viveu seus primeiros anos com a avó paterna em Pomerode, após o falecimento de sua mãe, quando ela tinha apenas um ano e meio. Na idade pré-escolar, veio para Blumenau estudar na Escola Alemã e, assim, foi adotada pela irmã de seu pai biológico, Cecília Weege Lieschke.
Estudou em São Paulo na Deutsche Schule, hoje Colégio Visconde de Porto Seguro. Trabalhou como secretária bilíngüe na conhecida fábrica alimentícia “Dr. Oetcker”, retornando depois a Blumenau onde trabalhou na fábrica de sua família, a “Chapéus Nelsa”. Casou-se com Harald Vollmer em 1951. Tiveram dois filhos: Gunnar e Iná Vollmer. A menina Rosima, aos 9 anos de idade, veio morar com a família, como filha.
Em uma de suas viagens para a Europa com sua tia, nos anos 50, adquiriu máquinas. Em outra viagem foi aprender a manuseá-las. A ideia era montar uma fábrica de confecção de roupas íntimas. Assim, iniciou-se a Maju Ltda, ainda naquela década.
Com suas responsabilidades de mãe e empresária, a Sra. Ellen fazia a manutenção de suas coleções que iniciou já na infância. “Fui juntando as coisas, então me deu a ideia de juntar mais coisas antigas de todas essas pessoas que deixavam as casas e iam morar em apartamentos ou para ancionatos”.
Depoimento de Ellen J. Weege Vollmer, 2006

- Histórico do prédio:
O prédio edificado em 1898 foi residência e casa de comércio de importação e exportação do comerciante e cônsul alemão Gustav Salinger. Na década de 30, foi sede do Banco Nacional do Comércio. Entre os anos de 1945 e 1993 sediou a Distribuidora Catarinense de Tecidos S/A – Dicatesa. Nos anos de 1997 a 2003, abrigou uma cristaleria, comercialmente denominada Casarão dos Cristais. Após permanecer fechado por alguns anos, em 2007, este patrimônio foi adquirido pela Prefeitura e, posteriormente transferido para a Fundação Cultural de Blumenau.

- Onde se localiza:
Museu de Hábitos e Costumes.
Rua XV de Novembro, 25 – Centro.
Horários para visitação: entre terça e sexta-feira das 9h às 17h. Sábados, domingos e feriados das 10h às 16h.

HUMBERTO TRINDADE, Assessor de Comunicação.
Fonte: http://www.blumenau.sc.gov.br/gxpsites/hgxpp001.aspx?1,1,28,O,P,0,PAG;CONC;54;3;D;3526;1;PAG;,

“Trabalhar com as múltiplas linguagens em Educação significa ajudar as crianças a perceber qualidades e características nem sempre evidentes, de modo mais profundo e significativo. Buscamos hoje uma visão de mundo em que prevaleça a crença na incompletude do saber, crença essa que nos impulsione e desafie na busca do conhecimento. Sabe-se também que, somente a partir da incerteza, pode – se ver sempre novos e diferentes ângulos o que é importante prestar-se atenção a tudo buscando ‘enxergar além’. […] um convite para adentrar este nosso mundo de múltiplas linguagens que ainda está por ser desbravado, conhecido e apropriado pelos educadores. […] inquieta-nos na necessidade de buscar novos caminhos e novas linguagens abrindo nossa escola e nossa sala de aula às diferenças, à promoção de um diálogo crítico, e às manifestações e experiências culturais distintas”.
As Múltiplas Linguagens na Educação Infantil, GLAUCI KUHN PLETSCH.

Postado pelas acadêmicas:
AGASIANA SUELEN SCHMITZ
ALINE STAHNKE
KARINE ZAPELLINI
LEIDIMARA BERCI
VALQUÍRIA BECKER CRUZ

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A Educação Infantil na nova LDB

Tendo em vista que as leis devem ser de conhecimento de todos, a Nova LDB mostra a importância de assegurar os direitos e deveres das crianças, diante de uma instituição de ensino. O que tem por objetivo, visar um melhor desenvolvimento das crianças, em todos os sentidos, isto é, em aspectos físico, psicológico, intelectual e social.


A EDUCAÇÃO INFANTIL NA NOVA LDB
Ângela Rebelo

A expressão educação infantil e sua concepção com primeira etapa da educação básica está agora na lei maior da educação do país, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), sancionada em 20 de dezembro de 1996. Se o direito de 0 a 6 anos à educação em creches e pré-escolas já estava assegurado na Constituição de 1988 e reafirmado no Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, a tradução deste direito em diretrizes e normas, no âmbito da educação nacional, representa um marco histórico de grande importância para a educação infantil em nosso país.
A inserção da educação infantil na educação básica, como sua primeira etapa, é o reconhecimento de que a educação começa nos primeiros anos de vida e é essencial para o cumprimento de sua finalidade, afirmada no Art. 22 da Lei: “a educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e nos estudos posteriores”.

A educação infantil recebeu um destaque na nova LDB, inexistente nas legislações anteriores. É tratada na Seção II, do capítulo II (Da Educação Básica), nos seguintes termos:
Art. 29 A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem com finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
Art. 30 A educação infantil será oferecida em: I – creches ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – pré-escolas para crianças de quatro a seis anos de idade.
Art. 31 Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro de seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.
Da leitura desses artigos, é importante destacar, além do que já comentamos a respeito da educação infantil como primeira etapa da educação básica:
1) A necessidade de que a educação infantil promova o desenvolvimento do indivíduo em todos os seus aspectos, de forma integral e integrada, constituindo-se no alicerce para o pleno desenvolvimento do educando. O desenvolvimento integral da criança na faixa etária de 0 a 6 anos torna-se imprescindível a indissociabilidade das funções de educar e cuidar.
2) Sendo a ação da educação infantil complementar à da família e à da comunidade, deve estar com essas articuladas, o que envolve a busca constante do diálogo com as mesmas, mas também implica um papel específico das instituições de educação infantil no sentido de ampliação das experiências, dos conhecimentos da criança, seu interesse pelo ser humano, pelo processo de transformação da natureza e pela convivência em sociedade.
3) Ao explicitar que a avaliação na educação infantil não tem objetivo de promoção e não constitui pré-requisito para acesso ao ensino fundamental, a LDB traz uma posição clara contra as práticas de alguns sistemas e instituições que retêm as crianças na pré-escola até que se alfabetizem, impedindo seu acesso ao ensino fundamental aos sete anos.
4) Avaliação pressupõe sempre referências, critérios, objetivos e deve ser orientadora, ou seja, deve visar o aprimoramento da ação educativa, assim como o acompanhamento e registro do desenvolvimento (integral, conforme Art. 29) da criança deverá ter como referência objetivos estabelecidos no projeto pedagógico da instituição e o professor. Isto exige que o profissional da educação infantil desenvolva habilidades de observação e de registro do desenvolvimento da criança e que reflita permanentemente sobre sua prática, aperfeiçoando-a no sentido do alcance dos objetivos.

Além da seção específica sobre a educação infantil, a LDB define em outros artigos aspectos relevantes para essa etapa da educação. Assim, quando trata “Da Organização da Educação Nacional” (capítulo IV), estabelece o regime de colaboração entre a União, os Estados e os Municípios na organização de seus sistemas de ensino. É afirmada a responsabilidade principal do município na educação infantil, com o apoio financeiro e técnico de esferas federal e estadual.

Uma das partes mais importantes da LDB é a que trata Dos Profissionais da Educação. São sete artigos que estabelecem diretrizes sobre a informação e a valorização destes profissionais. Define o Art. 62 que a “formação de docentes para atuar na educação básica far–se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admita para formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal”.

Deve-se ainda destacar nas Disposições Transitórias, a instituição da Década da Educação, a iniciar-se um ano após a publicação da Lei, e que até o fim da mesma “somente serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço” (Art. 87§4°).
Há um artigo das Disposições Transitórias que tem uma relevância ímpar para a educação infantil. Trata – se do Art.89, que afirma que “as creches e pré-escolas existentes ou que venham a ser criadas, no prazo de três anos, a contar da publicação desta lei, integrar-se-ão ao respectivo sistema de ensino”.

Para atender a este prazo, urge que os sistemas de ensino e as instâncias reguladoras da área da educação estabeleçam normas e diretrizes que garantam o caráter educativo das creches e pré-escolas e sua inserção real nos sistemas de ensino, especialmente nas creches que, como é sabido, têm-se caracterizado mais por seu caráter assistencial que pelo educativo.
Assumindo seu papel na formulação de políticas e programas de âmbito nacional, o MEC, por intermédio da SEF / DPE / Coordenação – Geral de educação infantil, está promovendo a articulação com o Conselho Nacional, Estaduais e Municipais de Educação, visando estabelecer critérios comuns para credenciamento e funcionamento de instituições de educação infantil e apoiar essas instâncias na divulgação e implementação desses critérios. O MEC, juntamente com o Ministério do Trabalho e o Ministério da Previdência e Assistência Social, apoiará projetos que visem à formação dos profissionais que já atuam na educação infantil e que não possuem a escolaridade mínima exigida em Lei (ensino médio).

FONTE DO ARQUIVO
http://pedagogia.tripod.com/infantil/novaldb.htm

A Educação Infantil e a Legislação

Através deste blog, queremos mostrar que políticas públicas e educação infantil são parceiras importantíssimas para a educação no Brasil. Este artigo tem por finalidade mostrar ao público uma breve história das leis perante a educação infantil, o que é de extrema importância para os pais, comunidade e principalmente para os docentes, o que garante um melhor desempenho na sala de aula, tendo em vista que os direitos e deveres devem ser respeitados, visando uma relação melhor entre aluno/professor e professor/aluno.


A EDUCAÇÃO INFANTIL E A LEGISLAÇÃO
Sandra Vaz de Lima

Estas novas tendências são marcadas por uma concepção de que as crianças eram as fontes humanas essenciais, de cuja dimensão maturacional iria depender o futuro da humanidade. Esse movimento internacional teve como conseqüência a elaboração da 1ª Declaração dos Direitos da Criança: a “Declaração de Genebra” em 1923.

No início dos anos 70, dez anos após a declaração universal, torna-se mais intensa a discussão em torno da necessidade de formular uma Convenção das Nações Unidas para que os direitos das crianças tivessem eco na lei internacional e ultrapassassem as fronteiras de uma declaração.
Assim, os Estados comprometer-se-iam com obrigações específicas. Acontece, então, em 1989, a “Convenção dos Direitos da Criança” composta de 54 artigos que incorporam “uma diversidade de direitos, desde direitos civis, econômicos, sociais e culturais, incluindo os direitos mais básicos como o direito à vida, à saúde, à alimentação, e a educação (...)”.
Diante disto, legislações foram implementadas. No caso do Brasil, a Lei 8.069/90/, traduzindo o resultado da crescente valorização que a infância tem assumido e, conseqüentemente, a necessidade de efetivação de um conjunto de direitos, colocando toda criança brasileira no mesmo patamar de direitos.

Nesse contexto, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 incorpora as reivindicações dos diferentes segmentos, como destaca Campos:
A Constituição de 1988 é o novo marco legal no qual desembocam todas essas lutas e demandas: as que vêm da educação, formuladas de maneira a integrar a creche e a pré-escola no sistema educacional; as que se originam do movimento das mulheres, contempladas nessa proposta para a educação e na ampliação do direito à creche no local de trabalho também para os filhos dos trabalhadores homens e para toda faixa etária de zero a seis anos; as trazidas pelo movimento dos direitos humanos (...) a nova Constituição amplia consideravelmente essas definições legais, tornando-se um marco na história da construção social desse novo sujeito de direitos, a criança pequena. (CAMPOS,1998, p.124)

A análise da Constituição Federal permite afirmar que os direitos sociais constitucionalmente assegurados são marcos importantes e com a regulamentação dos direitos da criança e do adolescente os avanços sociais são significativos, tratando dos direitos sociais, entre eles a educação:
(...) são direitos sociais: a educação, a saúde, (...) a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988, artigo 6º).
A Constituição, ao considerar a educação como um direito universal, proclama em seu artigo 205 que a educação é um direito de todos, e, especificamente, no artigo 208, inciso IV :
O dever do Estado com a educação será efetivado mediante garantia de: (...) atendimento em creche e pré escola às crianças de zero a seis anos de idade. que a educação é um direito das crianças de zero a seis anos.
Ainda do ponto de vista da Constituição, Cury (1998, p. 11), destaca que ela rompeu com a concepção de que a educação infantil é uma falta que deve ser compensada por ações de amparo e de assistência, de que é um vácuo que precisa ser preenchido, trazendo no seu bojo o dever do Estado em oferecer educação infantil, e o direito da criança a este atendimento.
(...) esta Constituição incorporou a si algo que estava presente no movimento da sociedade e que advinha do esclarecimento e da importância que já se atribuía à educação infantil,. Caso isto não estivesse amadurecido entre lideranças e educadores preocupados com a educação infantil, no âmbito dos estados membros da federação, provavelmente não seria traduzido na Constituição de 88. Ela não incorporou esta necessidade sob o signo do Amparo ou da Assistência, mas sob o signo do Direito, e não mais sob o Amparo do cuidado do Estado, mas sob a figura do Dever do Estado. Foi o que fez a Constituição de 88: inaugurou um Direito, impôs ao Estado um Dever, traduzindo algo que a sociedade havia posto. (CAMPOS, 1998, p. 124)

Os direitos das crianças reconhecidos no “papel” garantem um avanço jurídico, no entanto os resultados desse avanço necessitam ser traduzidos em ações concretas no campo das políticas sociais para a infância brasileira.
No Brasil, a Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, criou o Estatuto da Criança e do Adolescente/ ECA, passando a sociedade a dividir com o Estado, pelo menos do ponto de vista da legislação, a responsabilidade pela construção de um mundo melhor para a infância.
Acredita-se que, mais do que regulamentar as conquistas em favor das crianças e dos adolescentes na Constituição Federal, esta Lei - ECA veio promover um importante conjunto de avanços que extrapola o campo jurídico, desdobrando-se e envolvendo outras áreas da realidade política e social no Brasil. Entre elas, destaca-se o direito das crianças à “Educação Infantil”, assegurado nos artigos 4º , 53º e 54º, inciso IV. OECA explicitou melhor:
Artigo 4º: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer.
Artigo 53º: A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-lhes:
V – acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
Parágrafo único - É direito dos pais ou do responsável ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição de propostas educacionais.
Artigo 54º : É dever do estado assegurar à criança e ao adolescente:
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade.(ECA, 1991, p. 07-17)
A nova LDB (Lei Nº 9.394), de 20 de dezembro de 1996, reproduz esse inciso da Constituição Federal, no Art. 4º do título III (Do Direito à Educação e Do Dever de Educar).
Quando trata da Composição dos Níveis Escolares, no Art. 21, a LDB (1996, p.07) explicita: "A educação escolar compõe-se de: I - Educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II. educação superior”.
No capítulo sobre a Educação Básica, Seção II, trata especificamente da Educação Infantil, nos seguintes termos:
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como base o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças até três anos de idade;
II - pré-escolas, para crianças de quatro a seis anos de idade.
Art. 31. Na educação infantil, a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. (LDB, 1996, p. 16)
A atual LDB, estabelece pela primeira vez na história do nosso país que a educação infantil é a primeira etapa da educação básica. Quanto menor a criança, mais é preciso a presença do adulto para auxiliá-la em suas necessidades. À medida que a criança cresce, adquire novas capacidades e isso possibilita que ela atue de maneira cada vez mais independente, ganhando mais autonomia em seu desenvolvimento.
Segundo o Referencial Curricular para a Educação Infantil (1999, p.24):

O desenvolvimento integral depende dos cuidados relacionais que envolvem a dimensão afetiva e dos cuidados com os aspectos biológicos do corpo, como a qualidade da alimentação e dos cuidados com a saúde, quanto à forma como esses cuidados são oferecidos e das oportunidades de acesso a conhecimentos variados.

No Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, também adota-se a divisão por faixas etárias. A opção de organização dos objetivos, conteúdos e orientações didáticas por faixas etárias e não pelas designações institucionais – creche e pré-escola – pretendeu considerar a variação de faixas etárias encontradas nos vários programas de atendimento nas diversas regiões do país.

É claro o relevante papel dos Municípios na oferta da educação infantil que, como sistemas de ensino autônomo instituídos ou não, deverão observar os artigos 29, 30, 31 da LDB 9394/96 (p. 04-31), citados anteriormente, e ainda os seguintes princípios:
1 - A Educação infantil orienta-se pelos princípios da educação em geral: igualdade de condições para acesso e permanência na escola: liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; respeito à liberdade e apreço à tolerância; coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; valorização do profissional de educação escolar; gestão democrática de ensino público, na forma da lei e da legislação dos sistemas de ensino; garantia de padrão de qualidade; valorização da experiência extra-escolar; vinculação entre educação escolar e as práticas sociais (artigo 3).
2 - As instituições de Educação Infantil integram o Sistema Municipal de Ensino, podendo o Município, ainda, optar por se integrar ao Sistema Estadual de Ensino ou compor com ele um Sistema Único de Educação Básica. Os órgãos do sistema municipal de ensino deverão baixar normas complementares, autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos de Educação Infantil (artigos 10 e 11).
3 - Os sistemas de ensino definirão normas de gestão democrática dos estabelecimentos públicos de educação infantil, atendendo aos princípios de participação dos profissionais da educação, da família e da comunidade, na elaboração e execução do projeto pedagógico da instituição e da participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (artigo 14).
4 - As crianças com necessidades especiais, sempre que possível, em função de suas condições específicas, devem ser atendidas na rede regular de creches e pré-escolas, respeitando o direito a atendimento especializado, inclusive por órgão próprio do sistema, quando for o caso (artigo 58).
5 - Os docentes da Educação Infantil devem ser formados em cursos de nível superior (em licenciatura, de graduação plena), admitida como formação mínima a oferecida em nível médio (modalidade normal), que contemplem conteúdos específicos relativos a essa etapa da educação (artigo 62).
6 - A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação infantil, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação. (artigo 64).
7 - Os sistemas de Ensino promoverão a valorização dos profissionais que atuam em creches e pré-escolas, no que diz respeito à formação profissional, condições de trabalho, plano de carreira e remuneração condigna (artigos 67, 69 e 70).
Deve-se ressaltar que o novo texto legal, inciso IV, artigo 9º, prevê que: "A União incumbir-se-á de: (...) estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum".

É preciso estar comprometido com o outro para se poder educar, não fazendo distinção ou diferenciação. As diretrizes curriculares definem-se de forma integrada, sem privilegiar um aspecto em detrimento de outro levando em consideração as necessidades das crianças de acordo com os padrões e valores da cultura e da sociedade onde se encontra.

FONTE DO ARTIGO
http://www.artigonal.com/literatura-artigos/a-educacao-infantil-e-a-legislacao-1863681.html

terça-feira, 5 de abril de 2011

Práticas Pedagógicas na Educação Infantil

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
PIQUENIQUE DA FAMÍLIA – BRINCADEIRAS ANTIGAS

Acadêmicas:

Angélica Licinio Machado
Katia A. de Lima
Mayara Schramm
Mirele Corrêa
Silvia Buzana



Esta prática foi realizada no VI Semestre do nosso curso, e nos trouxe uma experiência muito enriquecedora, principalmente se tratando no papel e na participação da família na educação da pequena infância.
Esta intervenção foi realizada conjuntamente com o Projeto Anual da Proposta Pedagógica do CEI Emília Piske, nosso campo de estágio, que integra a família à educação dos seus filhos, sendo este o Piquenique da Família. Através de um convite feito pelas coordenadoras, este projeto teria como objetivo integrar a família e comunidade no contexto escolar, a fim de proporcionar uma dinâmica diferenciada e ampliar as vivências das crianças, promovendo a interação entre crianças, pais e professores, fazendo com que eles participassem do seu processo de desenvolvimento e aprendizagem através do resgate das brincadeiras antigas.
“A Educação Infantil deverá promover a integração da família, fortalecendo-a como elemento que exerça influência mais fundamental no desenvolvimento da criança, bem como, favorecer a inserção de sua ação na comunidade.”
(Resolução N.° 01/99/COMED/BLUMENAU. Cap. II, Art. 5°).

Sendo assim, o Piquenique da Família foi realizado no sábado do dia 23 de outubro. O CEI se responsabilizou em fazer a divulgação do evento à toda comunidade escolar, as crianças construíram os convites com o nosso auxilio e o auxilio das professoras regentes, através do uso de materiais como, cartolinas, tecidos e canetinhas, e estes foram entregues aos pais. Nós ficamos mais responsáveis pela elaboração e realização das brincadeiras no dia do piquenique. Com a utilização de alguns recursos, tais quais: jornal, ovo, música, sacos, cadeiras e a participação dos pais, conseguimos desenvolver algumas brincadeiras como: corrida do ovo, dança da cadeira, mata soldado, corrida do cavalo, etc.
As brincadeiras são o eixo fundamental do trabalho pedagógico e assume o principio estético que deve ser respeitado, entre eles “de sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais” (DCNEI, RES. Nº 5/2009, Art. 6º, inciso III). O brincar é indispensável para o desenvolvimento da criança, e é indispensável nesse período social.
Uma atividade muito importante para a criança pequena é a brincadeira. Brincar dá à criança oportunidade para imitar o conhecimento e para construir o novo, conforme ela reconstrói o cenário necessário para que sua fantasia se aproxime ou distancie da realidade vivida, assumindo personagens e transformando objetos pelo uso que deles faz. (Parecer CNE/CEB Nº 20/2009, p. 149)

Neste projeto, tivemos a participação de aproximadamente 90 % dos pais presentes, a maioria deles participaram ativamente das atividades juntos a seus filhos, trazendo e compartilhando um pouco de suas lembranças e experiências.
As instituições de Educação Infantil precisam organizar um cotidiano de situações agradáveis, estimulantes, que desafiem o que cada criança e seu grupo de crianças já sabem sem ameaçar sua autoestima nem promover competitividade, ampliando as possibilidades infantis de cuidar e ser cuidada, de se expressar, comunicar e criar, de organizar pensamentos e idéias, de conviver, brincar e trabalhar em grupo, de ter iniciativa e buscar soluções para os problemas e conflitos que se apresentam as mais diferentes idades, e lhes possibilitem apropriar-se de diferentes linguagens e saberes em nossa sociedade [...]. (Parecer CNE/CEB Nº 20/2009, p. 151)

Esta intervenção foi um momento muito marcante para a nossa formação. Conseguimos olhar para uma outra dimensão do ensino, que não fosse a sala de aula, mas que está diretamente ligada com a formação dos alunos e com o funcionamento das instituições de educação. Essa prática assim como qualquer outra linguagem também, tem sua importância no processo de ensino-aprendizagem, e não pode deixar que se perca na obrigação de cumprir com o programa curricular. A participação da família e as brincadeiras é um direito da criança e componente essencial nesse período social que corresponde à infância.

REFERÊNCIAS:
Sistema Municipal de Ensino do Município de Blumenau. RESOLUÇÃO Nº 01/99/COMED/BLUMENAU, 29 de setembro de 1999.
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Resolução CNE/CEB 5/2009. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de dezembro de 2009, Seção 1, p. 18.
Parecer CNE/CEB Nº 20/2009: Revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. In: O Direito da Criança. Educação Infantil. Câmara dos Deputados. Brasília, 2010.

quinta-feira, 24 de março de 2011

BRINCADEIRA E DESENVOLVIMENTO INFANTIL: UM OLHAR SOCIOCULTURAL CONSTRUTIVISTA

Acadêmicas: Agasiana Suelen Schmitz
Aline Stahnke
Karine Zapellini
Leidimara Berci
Valquíria Becker Cruz


BRINCADEIRA E DESENVOLVIMENTO INFANTIL: UM OLHAR SOCIOCULTURAL CONSTRUTIVISTA1


Norma Lucia Neris de Queiroz
Diva Albuquerque Maciel2
Angela Uchôa Branco
Universidade de Brasília

Resumo: Como e por que as crianças brincam? Qual o significado desta atividade em cada cultura? Estas questões da temática da brincadeira e sua relevância para a compreensão científica do desenvolvimento infantil são discutidas neste estudo. Analisa-se o conceito da atividade de brincar a partir de diferentes autores, privilegiando quem a vê como socialmente construída.

Em grande parte das sociedades contemporâneas, a infância é marcada pelo brincar, que faz parte de práticas culturais típicas, mesmo que esteja muito reduzida face à demanda do trabalho infantil que ainda se insere no cotidiano dos segmentos sociais de baixa renda. A brincadeira permite à criança vivenciar o lúdico e descobrir-se a si mesma, apreender a realidade, tornando-se capaz de desenvolver seu potencial criativo (Siaulys, 2005). Nesta perspectiva, as que brincam aprendem a significar o pensamento dos parceiros por meio da metacognição, típica dos processos simbólicos que promovem o desenvolvimento da cognição (Kishimoto, 2002) e de dimensões que integram a condição humana (Andrensen, 2005; Branco, 2005).
Para a maioria dos grupos sociais, a brincadeira é consagrada como atividade essencial ao desenvolvimento infantil. Historicamente, ela como lúdico sempre esteve presente na educação infantil, único nível de ensino que a escola deu passaporte livre, aberto à iniciativa, criatividade, inovação por parte dos seus protagonistas (Lucariello, 1995). Com o advento de pesquisas sobre o desenvolvimento humano, observou-se que o ato de brincar conquistou mais espaço, tanto no âmbito familiar, quanto no educacional; no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), a brincadeira está colocada como um dos princípios fundamentais, defendida como um direito, uma forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação entre as crianças. Assim, a brincadeira é cada vez mais entendida como atividade que, além de promover o desenvolvimento global das crianças, incentiva a interação entre os pares, a resolução construtiva de conflitos, a formação de um cidadão crítico e reflexivo (Branco, 2005; DeVries, 2003; DeVries & Zan, 1998; Tobin, Wu & Davidson, 1989; Vygotsky, 1984, 1987).
Hoje, pode-se afirmar que já foi superado parte do equívoco, de que o conteúdo imaginário do brinquedo determinava a brincadeira da criança. Segundo Benjamin (1984),
“a criança quer puxar alguma coisa, torna-se cavalo, quer brincar com areia e torna-se padeiro, quer esconder-se, torna-se ladrão ou guarda e alguns instrumentos do brincar arcaico desprezam toda a máscara imaginária (na época, possivelmente vinculados a rituais): a bola, o arco, a roda de penas e o papagaio, autênticos brinquedos, tanto mais autênticos quanto menos o parecem ao adulto.” (pp. 76-77).
Para o autor, quando a criança brinca, além de conjugar materiais heterogêneos (pedra, areia, madeira e papel), ela faz construções sofisticadas da realidade e desenvolve seu potencial criativo, transforma a função dos objetos para atender seus desejos. Assim, um pedaço de madeira pode virar um cavalo; com areia, ela faz bolos, doces para sua festa de aniversário imaginária; e, ainda, cadeiras se transformam em trem, em que ela tem a função de conduto, imitando o adulto (Benjamin, 2002).
Conceito da Atividade de Brincar

“A brincadeira é uma atividade que a criança começa desde seu nascimento no âmbito familiar” (Kishimoto, 2002, p. 139) e continua com seus pares. Inicialmente, ela não tem objetivo educativo ou de aprendizagem pré-definido. A maioria dos autores afirma que ela é desenvolvida pela criança para seu prazer e recreação, mas também permite a ela interagir com pais, adultos e coetâneos, bem como explorar o meio ambiente.
Como a criança é um ser em desenvolvimento, sua brincadeira vai se estruturando com base no que é capaz de fazer em cada momento. Isto é, ela aos seis meses e aos três anos de idade tem possibilidades diferentes de expressão, comunicação e relacionamento com o ambiente sociocultural no qual se encontra inserida. Ao longo do desenvolvimento, portanto, as crianças vão construindo novas e diferentes competências, no contexto das práticas sociais, que irão lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no mundo.
A brincadeira das crianças evolui mais nos seis primeiros anos de vida do que em qualquer outra fase do desenvolvimento humano e neste período, se estrutura de forma bem diferente de como a compreenderam teóricos interessados na temática (Brougère, 1998). A partir da brincadeira, a criança constrói sua experiência de se relacionar com o mundo de maneira ativa, vivencia experiências de tomadas de decisões. Em um jogo qualquer, ela pode optar por brincar ou não, o que é característica importante da brincadeira, pois oportuniza o desenvolvimento da autonomia, criatividade e responsabilidade quanto a suas próprias ações.
O termo cultura é entendido aqui a partir das formulações teóricas de Valsiner (2000), para quem a cultura não se refere apenas a um grupo de indivíduos que compartilham características semelhantes, mas deve ser compreendida como mediação semiótica, que integra o sistema psicológico individual e o universo social das crianças dela participantes. É no contexto da cultura que se dá a construção social, de significados, com base nas tradições, idéias e valores do grupo cultural que cria e recria padrões de participação, dando origem ao desenvolvimento de típicas categorias de pensamento e de recursos de expressão.
Fein (Spodek & Saracho, 1998) afirma que é muito “difícil definir a brincadeira, mas, em certo sentido, ela se auto-define” (p. 210). A preocupação em conceituar o que é a brincadeira não é apenas dos educadores, mas está na pauta de outros profissionais, dentre eles psicólogos, filósofos, historiadores e antropólogos.
No ‘Ciclo de Debates sobre o Brincar’1, Carvalho, Salles, Guimarães e Debortoli (2005), observaram a diversidade de discursos e concepções do ato de brincar. Examinando essa questão, Spodek e Saracho (1998) apontam que a dificuldade em se chegar a uma definição consensual sobre a brincadeira advém da falta de critérios para se classificar uma atividade como tal; assim, em alguns contextos ou momentos uma atividade pode ser considerada brincadeira, e deixar de sê-lo em outros, o que depende da relação que se estabelece com a situação, do significado que assume para quem brinca.
Vygotsky (1998), um dos representantes mais importantes da psicologia histórico-cultural, partiu do princípio que o sujeito se constitui nas relações com os outros, por meio de atividades caracteristicamente humanas, que são mediadas por ferramentas técnicas e semióticas. Nesta perspectiva, a brincadeira infantil assume uma posição privilegiada para a análise do processo de constituição do sujeito; rompendo com a visão tradicional de que ela é atividade natural de satisfação de instintos infantis, o autor apresenta o brincar como uma atividade em que, tanto os significados social e historicamente produzidos são construídos, quanto novos podem ali emergir. A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como espaços de construção de conhecimentos pelas crianças, na medida em que os significados que ali transitam são apropriados por elas de forma específica.
Vygotsky (1998), quando discute em sua teoria a gênese e o desenvolvimento do psiquismo humano, destaca que o processo de significação é elaborado por meio da atividade em contextos sociais específicos; o que é interiorizado não é a ‘realidade em si mesma’ (conceito já ultrapassado na perspectiva socio-construcionista), mas o que esta significa tanto para os sujeitos em relação, quanto para cada um em particular. Este movimento de interiorização transformadora das significações não se dá de maneira passiva nem direta, pois o sujeito reelabora, imprimindo sentidos privados ao significado compartilhado na cultura. Nesse processo ele se apropria do signo em sua função de significação, observando seu duplo referencial semântico, um formado pelos sistemas construídos ao longo da história social e cultural dos povos, e o outro formado pela experiência pessoal e social, evocada em cada ação ou verbalização do sujeito.
Para Vygotsky (1998), a criança nasce em um meio cultural repleto de significações social e historicamente produzidas, definidas e codificadas, que são constantemente ressignificadas e apropriadas pelos sujeitos em relação, constituindo-se, assim, em motores do desenvolvimento. Neste sentido, o desenvolvimento humano para ele se distancia da forma como é entendido por outras teorias psicológicas, por ser visto como um processo cultural que ocorre necessariamente mediado por um outro social, no contexto da própria cultura, forjando-se os processos psicológicos superiores, sendo a psique humana, nesta perspectiva, essencialmente social.
Os processos psicológicos superiores para Vygotsky (1987) são constituídos
(...) pelos de domínio dos meios externos do desenvolvimento cultural e do pensamento: o idioma, a escrita, o cálculo, o desenho, bem como pelas funções psíquicas superiores especiais, aquelas não limitadas nem determinadas de nenhuma forma precisa e que têm sido denominadas pela psicologia tradicional com os nomes de atenção voluntária, memória lógica e formação de conceitos (p. 32).
O autor afirma, ainda, que o desenvolvimento humano é um processo dialético, marcado por etapas qualitativamente diferentes e determinadas pelas atividades mediadas. O homem, enquanto sujeito é capaz de transformar sua própria história e a da humanidade, uma vez que por seu intermédio muda o contexto social em que se insere, ao mesmo tempo em que é modificado.
Assim, o que caracteriza a atividade humana é o emprego de instrumentos, signos ou ferramentas, que lhe dão um caráter mediado. Entretanto, instrumentos e signos são coisas diferentes; os primeiros influenciam a ação humana sobre a atividade e são externamente orientados. Já os segundos não modificam em nada o objeto da atividade, mas se constituem em ferramenta interna dirigida ao controle do indivíduo, sendo orientados internamente.
Desta maneira, os objetos com os quais a criança se relaciona são significados em sua cultura e a relação estabelecida com eles se modifica à medida em que a ela se desenvolve. Em um primeiro momento esta relação é marcada pela predominância de sentidos convencionais, característicos da cultura em que está inserida; o objeto, de certa forma, diz para a criança como deve agir. Com o passar do tempo, de modo gradativo, a relação entre objeto significado e ação se altera, tendo a brincadeira um lugar de destaque nessa mudança.
A importância do brincar para o desenvolvimento infantil reside no fato de esta atividade contribuir para a mudança na relação da criança com os objetos, pois estes perdem sua força determinadora na brincadeira. “A criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação ao que vê. Assim, é alcançada uma condição que começa a agir independentemente daquilo que vê.” (Vygotsky, 1998, p. 127).
Na brincadeira, a criança pode dar outros sentidos aos objetos e jogos, seja a partir de sua própria ação ou imaginação, seja na trama de relações que estabelece com os amigos com os quais produz novos sentidos e os compartilha (Cerisara, 2002).
A brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento infantil na medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados. Em situações dela bem pequena, bastante estimulada, é possível observar que rompe com a relação de subordinação ao objeto, atribuindo-lhe um novo significado, o que expressa seu caráter ativo, no curso de seu próprio desenvolvimento.
Para Vygotsky (1998), a criação de situações imaginárias na brincadeira surge da tensão entre o indivíduo e a sociedade e a brincadeira libera a criança das amarras da realidade imediata, dando-lhe oportunidade para controlar uma situação existente (Cerisara, 2002). As crianças usam objetos para representar coisas diferentes do que realmente são: pedrinhas de vários tamanhos podem ser alimentos diversos na brincadeira de casinha, pedaços de madeira de tamanhos variados podem representar diferentes veículos na estrada. Na brincadeira, os significados e as ações relacionadas aos objetos convencionalmente podem ser libertados. As crianças utilizam processos de pensamento de ordem superior como no jogo de faz-de-conta, que assume um papel central no desenvolvimento da aquisição da linguagem e das habilidades de solução de problemas por elas (Meira, 2003).
Vygotsky (1998) definiu a zona de desenvolvimento proximal (ZPD) como:
(...) a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com os companheiros mais capazes (p. 97).
A brincadeira é, assim, a realização das tendências que não podem ser imediatamente satisfeitas. Esses elementos da situação imaginária constituirão parte da atmosfera emocional do próprio brinquedo. Nesse sentido, a brincadeira representa o funcionamento da criança na zona proximal e portanto, promove o desenvolvimento infantil (Vygotsky, 1998). Entretanto, Vygotsky chama a atenção quando afirma que definir “o brinquedo como uma atividade que dá prazer à criança, é incorreto” (p. 105), porque para ele, muitas atividades dão à criança prazeres mais intensos que a brincadeira: por exemplo, uma chupeta para um bebê mesmo que isso não leve à saciação da fome. Ele destaca, ainda, que há brincadeiras em que a própria atividade não é tão agradável, como as que só agradam às crianças (entre cinco e seis anos de idade) se elas considerarem o resultado interessante. Os jogos esportivos podem ser outro exemplo (não apenas os esportes atléticos, mas os que têm como regra, ganhadores e perdedores). Estes são freqüentemente acompanhados de desprazer para a criança que não alcança o resultado favorável, isto é, aquela que perde a partida.
Assim, o prazer não pode ser visto como uma característica definidora da brincadeira (Cerisara, 2002). Entretanto, não se deve ignorá-lo, pois ela preenche necessidades da criança e cria incentivos para colocá-la em ação, que é de fundamental importância, uma vez que contribui para mudanças nos níveis do desenvolvimento humano. Para Cerisara (2002), todo avanço nestes está relacionado a alterações acentuadas nas motivações, tendências e incentivos. Torna-se, então, necessário lembrar que os interesses mudam em função do desenvolvimento e da maturidade do sujeito, pois, o que atrai um bebê não o faz a uma criança um pouco mais velha. Portanto, a maturidade das necessidades é um tópico importante na teoria da Psicologia histórico-cultural.
Vygotsky (1998) afirma que não é possível ignorar que a criança satisfaz algumas necessidades por meio da atividade do brincar. As pequenas tendem a satisfazer seus desejos imediatamente, e o intervalo entre desejar e realizar, de fato, é bem curto. Já as crianças entre dois e seis anos de idade são capazes de inúmeros desejos, e muitos não podem ser realizados naquele momento, mas posteriormente por meio de brincadeiras. Vygotsky (1998) diz que,
(...) se as necessidades não realizáveis imediatamente, não se desenvolvessem durante os anos escolares, não existiriam os brinquedos, uma vez que eles parecem ser inventados justamente quando as crianças começam experimentar tendências irrealizáveis (p. 106).
Com isto, no espaço da sala de aula, a criança procura satisfazer seus desejos não realizáveis imediatamente envolvendo-se em um mundo imaginário, onde os não realizáveis podem ser concretizados; a este mundo é que se chama da brincadeira. O autor concebe a imaginação como:
(...) um processo psicológico novo para a criança em desenvolvimento; representa uma forma especificamente humana de atividade consciente, não está presente na consciência de crianças muito pequenas e está totalmente ausente em animais. Como todas as funções da consciência, ela surge originariamente da ação e na interação com o outro (p. 106).
Há, portanto, uma crença de senso comum que o brincar da criança é imaginação em ação. Vygotsky (1998) considera que isto deveria ser invertido, uma vez que a imaginação, nas crianças em idade da educação infantil e nos adolescentes, é o brinquedo sem ação. Desta forma, fica claro que o prazer que estas vivenciam é controlado por motivações diferentes das experimentadas por um bebê ao chupar sua chupeta.
Para o autor, nem todos os desejos não satisfeitos dão origem à brincadeira; quando uma criança quer andar de velocípede e isto não pode ser imediatamente concretizado, ela não vai para seu quarto e faz de conta que está andando de velocípede para satisfazer seu desejo, pois não tem consciência das motivações e emoções que dão origem à brincadeira. Nessa perspectiva, Vygotsky (1998) diz que o brinquedo difere muito do trabalho e de outras formas de atividade, uma vez que nele a criança cria uma situação imaginária, algo reconhecido pelos estudiosos, e que portanto não é novo. Ele afirma que a imaginação é característica definidora da brincadeira e não um atributo de subcategorias específicas do brinquedo.
Cerisara (2002) coloca que toda situação imaginária que envolve o brinquedo já pressupõe regras, ocultas ou não e que o contrário é verdadeiro, ou seja, todo jogo tem, explicitamente ou não, uma situação imaginária envolvida. Nesse sentido, o faz-de-conta é em especial significativo para o desenvolvimento infantil, por estar relacionado à imaginação.
Em um esforço para compreender a importância da atividade do brincar para o desenvolvimento infantil, numa perspectiva co-construtivista, pode-se considerar que a criança, desde seu nascimento, se integra em um mundo de significados construídos historicamente. É por meio da interação com seus pares que ela se envolve em processos de negociação, dentre os quais, os de significação e re-significação de si mesma, dos objetos, dos eventos e de situações, construindo e reconstruindo ativamente novos significados.
Valsiner (1988) acrescenta que para analisar o desenvolvimento infantil deve-se considerar os ambientes em que ocorre a atividade da brincadeira, que são fisicamente estruturados, segundo os significados culturais das pessoas responsáveis pela criança. Valsiner (2000) aponta, ainda, que ela ocupa um papel ativo na organização de suas atividades, construindo uma versão pessoal dos eventos sociais que lhe são transmitidos pelos membros de sua cultura. Esta construção é elaborada pelos processos de interação social, canalização e trocas, fazendo uso de recursos e instrumentos semióticos co-construídos, cujos significados estão presentes na “cultura coletiva”. Por último, o autor afirma que é preciso considerar que a criança expressa a compreensão do mundo por meio da ação, e que cada classe social tem um sistema designificação cultural próprio, relacionado às práticas típicas de seu grupo.
Pedrosa (1996), em consonância com Valsiner, afirma que a criança desde o seu nascimento interage com um mundo de significados construídos historicamente; na relação com seus parceiros sociais se envolve em processos de significação de si, dos outros e dos acontecimentos de seu contexto cultural, construindo e reconstruindo ativamente significados.
Nessa perspectiva, destaca-se a importância de interpretar a brincadeira levando em consideração os contextos sociais específicos em que ela ocorre, não sendo possível separá-la artificialmente deles; e, para compreendê-la, deve-se relacionar o valor e o lugar que lhe são determinados pela cultura específica, porque só levando esta em consideração é que será possível derivar o significado do brincar infantil em cada uma.
Assim, a percepção infantil sobre a atividade de brincar é marcada pela influência cultural, que se torna o elemento de mediação que integra o sistema de funções psicológicas desenvolvidas pelo indivíduo na organização histórica de seu grupo social, por meio dos processos de interação, canalização e trocas, utilizando recursos e instrumentos semióticos co-construídos de uma geração mais velha, com os quais a criança entra em contato.
A cultura, na concepção de Valsiner (2000), refere-se à organização estrutural de normas sociais, valores, regras de conduta e sistemas de significados compartilhados pelas pessoas que pertencem a certo grupo com uma história de convivência e relações de pertencimento. Para ele, a cultura tem duas faces: a) como entidade coletiva (significados compartilhados); b) como entidade pessoal (significados pessoais). A primeira é aprendida pela criança no contexto de suas experiências em diferentes tipos de ambientes. Especialmente os pais e profissionais responsáveis pelos cuidados e educação (escola, creches), devem procurar organizar o ambiente de forma que este seja brincável, isto é, explorável (Dantas, 2002), e que incentive o brincar.
É impossível, porém, a criança fazer a brincadeira em um âmbito apenas relacionado à livre fantasia; mesmo quando não imita os instrumentos dos adultos, sempre parte de significados culturalmente construídos, pois é deles que ela recebe seus primeiros brinquedos, embora tenha certa liberdade para aceitar ou recusar sugestões, muitos (bola, bonecas, carrinhos) são, de certa forma, impostos como objetos de valor, e daí, graças à força de sua imaginação, são transformados em brinquedos admirados e maravilhosos (Benjamin, 2002).
As crenças dos adultos sobre a brincadeira infantil são geradas em seus sistemas de significado cultural. Neste sentido, Valsiner (1988) destaca que a criança, como ser ativo, no processo ‘viver a brincadeira’, vai além da cultura de seus pais e professores, uma vez que reconstrói as experiências adquiridas nos espaços familiares, escolares e comunitários. Ela, assim, cria, para suas brincadeiras, funções e cenários novos para as sugestões sociais, oferecidas por seu grupo; assim, ela externaliza sua subjetividade sobre os eventos sociais e, ao mesmo tempo, reconstrói o significado social da brincadeira.
A subjetividade da criança vai se formando nas interações que estabelece com seus parceiros nos contextos cotidianos. Valsiner (1989) acrescenta que o mundo adulto, dependendo de seus valores culturais, oferece à criança uma variedade de sugestões e modos de interação semioticamente marcados pelos modelos sexuais, muitas vezes estereotipados como masculino, feminino ou indiferenciado. Esta é uma das sugestões sociais que levam a criança a brincadeiras marcadas pelo gênero, de acordo com a cultura coletiva, o que frequentemente ocorre naqueles em que o menino só pode brincar de carrinho, e menina, de casinha de boneca. As famílias canalizam as ações, as percepções e representações da criança na direção de assumir um papel social aprovado de acordo com suas crenças e valores.
Para Packer (1994) brincar é uma atividade prática, “na qual a criança constrói e transforma seu mundo, conjuntamente, renegociando e redefinindo a realidade” (p. 273); “uma construção da realidade, a produção de um mundo e a transformação do tempo e do lugar em que ele pode acontecer” (p. 271). A participação da criança nesta atividade “requer um senso de realidade compartilhado do que é verdadeiro ou falso, certo ou errado” (p.271).
Nas afirmações de Valsiner (1998, 2000) e de Pedrosa (1996), a criança é um sujeito ativo da co-construção cultural, o que garante que a cultura de sua geração ultrapasse a dos adultos por ela responsáveis. Nesta perspectiva, torna-se necessário olhar a brincadeira para além do conceito da atividade de brincar, e examinar o faz-de-conta, que tem despertado especial interesse de teóricos, pesquisadores e profissionais que atuam com a educação infantil, lembrando a importância dada por Bateson (1972) quando se refere aos processos de metacomu-nicação, por meio dos quais as crianças se comunicam entre si, indicando se uma interação deve ser interpretada como “luta” - fisionomia séria, sem sorriso, ou “brincadeira”- sorriso, gargalhadas, gritinhos de alegria.

os, como por exemplo, professores preocupados em desenvolver a brincadeira em sala de aula, objetivando atitudes de cooperação entre os alunos, mas direcionando a atividade para a competição. No estudo de Palmieri (2003), os professores confundem cooperação e competição, e geralmente não percebem estes equívocos, acreditando que realizam um trabalho de grande qualidade para a formação dos alunos e se estes não correspondem às suas expectativas, apontam a eles como incapazes ou rotulam sua família como problemática. Nesse caso, o professor não está conseguindo fazer uma reflexão crítica do seu próprio trabalho.
Os princípios norteadores da política educacional congelados no papel não provocarão mudanças no contexto educacional. Mas, a administração pública deve proporcionar uma formação continuada aos professores; diante de situações de insegurança, isto é, de ministrar novos conteúdos e realizar propostas educativas que exigem conhecimentos diferentes dos que os profissionais acreditam, a tendência dos educadores é desprezá-las, muitas vezes fazendo críticas infundadas, apesar de reconheceram a importância dos novos conteúdos para o processo de melhoria da qualidade de ensino. É preciso que o professor reconheça a importância do princípio da brincadeira para o desenvolvimento infantil, estabelecido no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, como uma conquista e efetivação dos direitos da criança integrada à modalidade de educação infantil.


OBSERVAÇÃO: Este é o resuno do artigo. O artigo completo está disponivel em PDF no site www.scielo.br.


REFERÊNCIA

http://www.scielo.br/pdf/paideia/v16n34/v16n34a05.pdf