Pode parecer estranho para os que estão chegando, tanto para os pais novatos quanto para os educadores iniciantes e muito mais estranho para educadores experientes que atuam nos espaços educativos que fazem festas, brincam com a imaginação e experimentam não comemorar a Páscoa, o dia das mães, dos pais e outras datas comemorativas?
Mas, tem uma explicação. Compreendendo que “ Ser capaz de imaginar é ser capaz de ser livre das aparências convencionais” ( Sutton-Smith 1998. pp. 10-11). Busca-se que os espaços tenham uma proposta que promova, amplie e aproxime a produção cultural para as crianças com qualidade, de seus familiares, de grupos sociais que possam interessar. Privilegia-se festejar aquilo que se está pesquisando, que faça sentido para as crianças e o grupo e não o que está estabelecido no calendário religioso, cívico e muito menos comercial. Assim, o foco não é impedir que crianças não socializem-se ou tornem-se familiarizadas com as convenções de seu tempo e lugar, mas, que pensemos em meios de assegurar e acompanhar esses movimentos sugerindo, estimulando e desenvolvendo sempre a imaginação das crianças. Acredita-se ser importante para a criança todo conhecimento adquirido, vivido, construído e não simplesmente reproduzido.
No decorrer de incontáveis anos muitas convenções e invenções sociais ecoaram fortemente com seus padrões sonoros, imagens repetitivas e estereotipadas e histórias estruturadas e organizadas foram algumas das ferramentas que ajudaram a permanecer a ideia estável de significado destas comemorações. A preparação de comemorações/festividades deve acontecer em momentos diferentes de aprendizagem, de tempos e espaços, de avaliação e retorno do trabalho realizado.
Assim, a páscoa , sendo uma festa religiosa importante para vários grupos, pode ser objeto de roda de conversa estruturada em aspectos vinculados aos projetos de construção e investigação , mas, não deverá assumir maiores dimensões, nem tomar outros espaços que capture a imaginação e limite as crianças à práticas convencionais de todos os tempos e estéreis dentro do itinerário educativo. E posteriormente outras datas devem ser dada a atenção necessária e questionadora.
Parece necessário criar situações riquíssimas de brincar, imaginar, experimentar e inquietar-se colocando em suspensão ou em xeque algumas práticas, organizações culturais , econômicas e políticas que são reveladas e legitimadas para as crianças pequenas. A padronização de práticas pedagógicas no interior dos espaços educativos a partir das convenções sociais estabelecidas deve servir de reflexão e novos encaminhamentos que mobilize nas crianças e principalmente nos adultos processos imaginativos criadores.
Prof. Lilian Cristina de Souza
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